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IES terão que oferecer ensino alinhado com as demandas do mercado

O presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Mauro Kreuz, a diretora de Formação Profissional do CFA, Cláudia Stadtlober, e o presidente da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração (Angrad), Edson Kondo, estrelaram, na tarde desta quinta-feira, 21, a live “Novas DCNs: futuro da Administração em debate!”. No evento,  mediado pelo jornalista Paulo Melo, eles falaram sobre o que esperar dos cursos de Administração após a homologação do Parecer CNE/CES nº 438/2020, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação.

Cláudia lembrou que as discussões sobre a necessidade de repensar o ensino da Administração começaram muito antes da pandemia, em 2019. Era preciso, segundo ela, revisitar as propostas pedagógicas a fim de preparar os futuros profissionais para atender as demandas do mercado de trabalho. “A nossa preocupação, enquanto Sistema CFA/CRAs, é olhar esse contexto mercadológico para ter um curso que faça sentido e gere, para o egresso, empregabilidade e/ou competências para que ele venha a ter seu próprio negócio”, disse.

Ela ainda comentou que o profissional de Administração é fundamental para o desenvolvimento do país, das organizações públicas e privadas. “O ensino da Administração tem o papel de formar profissionais aptos para essa realidade. A partir dessas DCNs, esperamos colocar pessoas capacitadas para o mercado de trabalho.”, destacou a administradora.

Kondo, por sua vez, falou sobre os desafios para as Instituições de Ensino Superior (IES). O professor citou o caso da Tesla, empresa criada há 16 anos para desenvolver, produzir e vender automóveis elétricos de alto desempenho. Ela quase faliu, mas em 2014 começou a ser referência no seu ramo de atuação e, no ano passado, passou a influenciar o mercado automotivo. “Ou seja, o mundo passa por grandes transformações e com a Administração não seria diferente”, falou.

Com relação à realidade brasileira, o presidente da Angrad destacou a grande diversidade geográfica e cultural do país, com vocações diferentes em cada local. “Tem muitos cursos de Administração e é preciso tornar esses cursos relevantes para as realidades onde estão inseridos”, defendeu Kondo.

O último a falar foi o presidente do CFA. Ele fez um retrospecto histórico sobre as DCNs dos cursos de Administração e, para Mauro, “não será simples romper com o mindset das IES”. “Essa é a realidade que a gente tem assistido. Estou com sentimento dual: de felicidade e esperança, mas também de preocupação e tristeza”, revelou.

De acordo com o líder do CFA, de 1961 a 1993, os currículos obrigatórios eram exatamente iguais, do Oiapoque ao Chuí. “Eram por disciplina e idênticas nacionalmente e a estrutura curricular chamava-se grade, pois de fato era uma “prisão”, a gente não podia fazer nada. Naquela época, o CFA e a Angrad conseguiram sensibilizar o CNE e, juntos, conseguimos aprovar a Resolução 293 e isso significou uma mudança extraordinária”, recordou.

Logo após, deu-se início a um trabalho para a construção da Resolução 294, de 2005. “Foi um grande avanço. Num mundo disruptivo, se os egressos não tiverem autonomia intelectual, eles não vão se governar nesse mundo de rápidas transformações”, disse.

Mas, o que aconteceu com as propostas de 1961, 1993, 2005 e 2021 de diferente? Segundo Kreuz, “praticamente nada”. “Nós ainda lemos e escutamos termos como grade curricular, os cursos quase na sua totalidade ainda estão organizados num grande gaveteiro de disciplinas. Nós não inovamos”, alertou.

Após expor essa viagem no tempo, Mauro revelou estar preocupado. As novas DCNs podem inaugurar um novo momento nos cursos de Administração. Contudo, as IES precisam mudar de cultura. “Se não mudarmos o mindset das escolas, vamos continuar em 1661 e não vamos gerar as transformações necessárias que tantos almejamos.

Mauro finalizou lembrando a fala de Domenico di Masi em uma das edições do Fórum Internacional de Administração (FIA). Na ocasião, o sociólogo italiano falou que o mundo do trabalho terá três tipos de profissionais: os criativos, que serão os mais demandados; os executivos, que vão competir com a inteligência artificial; e os nadas, que estarão fora do mercado de produção e consumo. “Deixo a grande questão para refletirmos. Queremos formar administradores para qual grupo? Se quisermos formar para o primeiro grupo, vamos ter que inovar abruptamente e disruptivamente, tal como é o atual mundo do trabalho”, pontuou o presidente do CFA.

Ao final, Cláudia, Mauro e Edson responderam perguntas dos internautas. Para conferir a live na íntegra, acesse o CFAPlay.



Ana Graciele Gonçalves

Assessoria de Comunicação CFA